Cozinhar faz parte da minha história.

Desde pequena eu ficava olhando minhas avós, uma alemã e a outra, italiana, fazendo de um ovo um banquete. Até hoje eu me lembro do pastel que elas faziam. Comida, para mim, tem esse gostinho de saudade, das lembranças dos bons momentos. Eu me desafio sempre a recuperar o sabor daquele pastel do passado nos meus pratos. Mas sempre dando um toque pessoal na minha comida, um tempero diferente em algo conhecido. 

Eu sei que as pessoas até gostam de cozinhar. Mas quem tem tempo? É bom o sentimento de ajudar as pessoas a recuperarem, como eu, as lembranças de uma boa comida. Acordo feliz, sabendo que vou fazer uma coisa que adoro e, ao mesmo tempo, levando para os outros essa sensação gostosa de comida bem temperada com amor, carinho, e valor. Tudo o que a gente sente vai para a comida que a gente faz. 

Quando cheguei no Canadá, não foi fácil. Fiquei um tempo triste e meu marido, sabendo da minha paixão pela culinária, e de como cozinhar era uma terapia para mim, me deu uma batedeira. 

Uma vez, voltando da praia, bateu uma vontade na família de comer comida caseira, mas a gente só via hamburger e pizza. Eu queria aquelas lembranças do passado. Resolvi que tinha de cozinhar. Nada me dá mais prazer do que imaginar as pessoas abrindo um dos meus pratos e tendo aquela sensação boa, gostosa, com vontade de comer algo bom. 

Feito com o coração para o seu coração. 

Carine Winterle